Sindpd/SC se desfilia da CUT e da Fenados

SINDPD/SC se desfiliou da CUT
e da FENADADOS
Recebi e repasso:

No último dia 25 de julho de 2012 o SINDPD/SC se desfiliou da CUT e da FENADADOS (Federação sindical cutista da categoria de processamento de dados). A histórica decisão se deu em assembléia geral extraordinária com apenas 1 voto contrário nas votações que deliberaram pela desfiliação.

O que formalizou e avançou numa decisão que a categoria já tinha deliberado há muito anos em cada assembléia de campanha salarial que não repassava a procuração para a federação e que construía mobilizações de forma independente, seja da FENADADOS ou da CUT.

Esse processo de ruptura com a CUT e a construção de alternativas a federações sindicais chapa-brancas é um debate nacional que abrange vários estados e categorias. No Rio Grande do Sul, por exemplo, os trabalhadores de processamento de dados já romperam com a CUT e a FENADADOS.

Na nossa categoria temos em âmbito nacional a FNI, OLTs e a ANED que se organizam de forma independente da federação e da CUT. Trabalhadores da construção civil, servidores públicos, trabalhadores dos transportes, metalúrgicos, trabalhadores dos Correios e vários outros debatem e procuram atualmente se organizar de forma independente das direções de empresas, governos e direções sindicais parceiras dos que atacam direitos dos trabalhadores.

A decisão que tomamos aqui é parte de um debate que cada vez mais toma conta do conjunto da classe trabalhadora.

A ruptura com a CUT

Em Santa Catarina há mais de 10 anos que os trabalhadores de processamento de dados não participam mais da CUT por entenderem que esta é uma central que se descaracterizou enquanto uma entidade sindical independente e classista.

A CUT das greves da década de 80 e da defesa intransigente dos trabalhadores há muito tempo que não existe mais. Seu processo de burocratização e de integração as esferas de governo não surgiu hoje.

No Governo Collor a CUT se integrou as câmaras setoriais (reunindo governo, empresariado e representações sindicais) para implementar acordos que rebaixaram direitos e salários de trabalhadores e contribuiu no país para a introdução em massa de formas de trabalho precarizados, como a terceirização.

Em pleno governo FHC, o então presidente da CUT, Vicentinho, sem qualquer consulta as bases da central, negociou diretamente com o governo federal mudanças em regras na aposentadoria que muito nos prejudicaram, visando trocar o tempo de contribuição pelo tempo de serviço.

Vicentinho fez isso porque na CUT havia se originado uma estrutura sindical que inibia a participação dos trabalhadores de base e a formação de oposições ao grupo dirigente da central.

Porém, foi nos Governos de Lula e Dilma que esta central passou para o outro lado de vez, levando muitos outros sindicatos junto, a exemplo da FENADADOS. A CUT e diversos sindicatos cutistas passaram a ser parte da própria estrutura de governo, onde vários membros de direção ou conselhos de empresas e até ministros, saíram direto dos sindicatos para ocupar estes cargos.

Além disso, entidades cutistas e a CUT passaram a administrar ou coadministrar verbas milionárias e até mesmo bilionárias com o FAT e os fundos de pensão. Não existem mais fronteiras e, inclusive, casos de corrupção nasceram dessas relações.

A ruptura com a FENADADOS

A história da FENADADOS não é diferente da história da CUT. Em 2009 quando os trabalhadores do SERPRO fizeram uma histórica greve a FENADADOS fechou o acordo de compensação dos dias de greve sem consultar a base e muito prejudicou os trabalhadores.

Ela impôs junto da empresa o ACT de 2 anos no SERPRO que se estendeu também para a DATAPREV. Em 2011 a federação ficou a campanha salarial inteira fazendo jogada ensaiada com a direção das empresas e o Governo Dilma, e quando a greve saiu na DATAPREV, a seu contragosto, os trabalhadores puderam perceber que o compromisso dessa federação não era com a luta, ao jogar o tempo todo para a desmobilização e o isolamento do movimento grevista, que apesar de tudo, ainda arrancou mais do que a empresa disse que podia conceder no julgamento do dissídio no TST.

Agora em 2012 vemos o filme se repetir. Na DATAPREV a federação entregou uma pauta de apenas 3 itens deixando de fora reivindicações de toda a categoria como a estabilidade do emprego, o adicional de atividade e vários outros itens para não se ter uma campanha salarial de verdade.

A empresa depois da última mesa de negociação ofereceu 2% no PCS e caso a FENADADOS tivesse construído uma campanha salarial de verdade seria possível conquistar muito mais. Ainda podemos avançar mais na campanha salarial, porém, se depender da federação isso não acontecerá.

No SERPRO, está fresquinho na memória dos trabalhadores, que a FENADADOS sentou com a direção da empresa e negociou o desconto no passivo de horas extras sem consultar a base.

Isso tudo é possível porque a FENADADOS tem uma estrutura profundamente anti-democrática que impede que a base decida ou que qualquer oposição possa se organizar livremente e influir nos rumos da federação.

Os atuais dirigentes da federação e os membros da CUT na categoria, por exemplo, são delegados natos nos fóruns da federação possuindo o mesmo poder de voto de um trabalhador eleito pela base.

Ainda por cima a federação impõe o pacto federativo, onde os votos para as decisões da categoria são contabilizados por sindicatos (na sua maioria controlados pela federação) e não pelo trabalhador de base.

Como se fosse pouco, em conluio com o SERPRO e a DATAPREV, a FENADADOS literalmente impede o SINDPD/SC e outras representações sindicais independentes de participarem das negociações da campanha salarial para apresentar a pauta deliberada nas assembléias de base.

Durante muitos anos foi feita uma grande oposição para tentar mudar por dentro a federação e as coisas só pioraram e as únicas vezes que a categoria conseguiu de fato questionar a política da empresa e ter força foi quando se mobilizou e se organizou de forma independente da federação, a exemplo das greves no SERPRO e na DATAPREV.

Apostamos na Unidade para Lutar!

Romper com a FENADADOS e a CUT é uma necessidade para os trabalhadores da área de TI. A unidade para os trabalhadores é algo muito imprescindível para garantir e ampliar direitos.

No entanto, a unidade que a FENADADOS e a CUT vem na prática demonstrando defender é a unidade submetida aos interesses das direções de empresas e governos, que arrocham nossos salários e deterioram nossas condições de trabalho.

Já a unidade que os trabalhadores precisam é a voltada para a luta e com independência para que se ampliem as conquistas.

Nesse sentido, o debate da desfiliação de modo algum deve ser encarado como a negação da necessidade de organização sindical dos trabalhadores, seja regional ou nacional.

Mas sim, como a necessidade dos trabalhadores de TI resguardarem sua autonomia e independência para lutar diante dos governos e patrões, que hoje a FENADADOS e a CUT há muito tempo não possuem mais.

Os próximos rumos do debate sobre a organização sindical dos trabalhadores de processamento de dados de Santa Catarina vão ser definidos pelos trabalhadores junto do sindicato.

Por isso, fazemos desde já dois desafios a FENADADOS:
1) atenda ao chamado dos sindicatos, OLTs e ANED para que realizemos democraticamente uma Plenária Nacional com todas as representações sindicais da categoria para tratar da Campanha Salarial dos trabalhadores da Dataprev e do Serpro e da construção unificada de um calendário de ações para avançar na mobilização e organização autônoma dos trabalhadores;
2) que se abra em todos os sindicatos do país um debate democrático sobre a filiação ou não a CUT e a FENADADOS para que a base decida sobre qual organização sindical quer ter.

SINDPD/SC – www.sindpdsc.org.br

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